MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Nathália Hatsue Oushiro
Criar Ribeirão Preto

SEM TÍTULO

Pensamos ser livres por não vivermos sob os mandos e desmandos de Fidel. Pensamos ser livres por votarmos de tempos em tempos ou por termos o simples direito de ir e vir. Bobagem. Na verdade somos participantes de um reality show, que nasceu junto com os primeiros milhões de Roberto Marinho, e que dura até hoje. Neste show cotidiano as principais atrações são o emburrecimento com pitadas de folhetim, notícias frescas saídas de edições monstro, insegurança e revolta instantâneas que duram até o próximo programa "Happy and stupid Brasilian way of life".

Pensamos que após a ditadura militar tudo ia ser diferente e a democracia traria prosperidade. Doce engano. Pois foi durante esse período sombrio da nossa história que os meios de comunicação aprenderam truques de manipulação com os milicas e gostaram do gostinho de estar no poder da massa de manobra para consumir isso ou aquilo, pensar desta ou daquela forma e divagar a cultura medíocre e unilateral que absorve.

A ditadura foi abolida, mas a manipulação ficou. Uma vez que para atingir seus objetivos e criar laços de dependência os veículos comunicantes defendem e propagam a ideologia do capital, consequentemente, preocupam-se cada vez menos com a veracidade e a importância de fatos relevantes. Gostam de vender a notícia espetacular e analisá-la perante a sociedade até esgotá-la. Gostam de chocar e prender-nos por minutos preciosos num show de horrores.

Dessa maneira, iludimo-nos com a certeza de que Diogo Mainardi é um guru da sabedoria e Willian Bonner nosso provedor indubitável de informação. Entretanto, são instrumentos do pão e circo às avessas que assustam o espectador, tornam-no inseguro e engasgado com a impunidade ao invés de instigá-lo a raciocinar e aguçá-lo com uma noção de coletividade com poderes em potencial. Mantêm-nos da forma mais conveniente: calados e vendo a banda passar. Afinal, é quase impossível dormir sem assistir ao telejornal, à telenovela e tomar a tele benção de todos os dias que com certeza nos fazem piores e menos livres.