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Robson Rosa Egêa
Criar Ribeirão Preto

O retrato do homem contemporâneo

Dentre todos os sentidos humanos o da visão é inquestionavelmente o mais importante. As imagens são capazes de nos sensibilizar, nos divertir e até mesmo nos permitem a reflexão. Contudo, o mundo contemporâneo estabeleceu novas relações com elas. A publicidade ganhou papel de destaque com a venda de ideias e principalmente de imagens as quais, muitas vezes, imprimem o desejo consumista nas mentes domináveis. Do mesmo modo, tornou-se comum seguirmos padrões de beleza, os quais nos expõem à falta de subjetividade.

Das pinturas rupestres às fotos e ao cinema, o homem compreendeu a riqueza da visão. Dificilmente não nos sensibilizamos com a criança sudanesa diante do urubu que a espreita com Kevin Carter. Da mesma forma que podemos nos distrair e rir com algumas criações de "photoshop", charges e caricaturas. Ainda sobre o poder das imagens, provavelmente refletimos, alguma vez, sobre os horrores da guerra com "Napalm Girl".

Por outro lado, as imagens vinculadas aos interesses comerciais são preponderantemente abusivas, pois trabalham perniciosamente sobre nossa mente. Muitos dos outdoors e propagandas publicitárias apelam para táticas desleais e imperativas na medida em que exploram mecanismos inconscientes, os quais invocam o desejo consumista. É impressionante como somos facilmente manipuláveis por corpos bonitos e por carros "flutuando" sobre o asfalto.

O apego pela aparência pessoal também colabora, sobremaneira, para a nossa perda de subjetividade. Deixamos, em diversos momentos, de ser o que realmente gostaríamos: vestimos roupas e "máscaras" conforme padrões. Tal subserviência pode ser desastrosa quando produz "monstros" como Michael Jackson e Jocelyn Wildenstein ou ainda desajustes de ordem comportamental principalmente na juventude com a anorexia e a bulimia. A personagem Dorian Gray de Oscar Wilde é um exemplo ficcional dessa potência autodestrutiva.

Por isso, embora possamos considerar o papel notável da imagem no nosso cotidiano, ela, quando desvinculada de sua real importância no que tange ao poder de sensibilizar, de divertir e de conduzir à reflexão, pode produzir alienação e um mundo de artificialidade. O jovem e belo Dorian Gray é definitivamente um símbolo patético da superficialidade e da sujeição do homem contemporâneo. Que o fim trágico dele não seja o nosso!