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Igor Assagra R. Barbosa
Criar Ribeirão Preto

Entretenimento e notícia

Jornal da Record. Cidade Alerta. Suspense. Jornal Nacional. Brasil Urgente. Terror. Jornal da Band. SBT Brasil. Drama. A realidade se confunde com a ficção. Noticiários televisivos, cada vez mais, assimilam gêneros cinematográficos ao apresentarem suas notícias. Preso pela telecaverna de Platão, o pobre espectador se assusta com o perigo que assiste à sua volta e se enraivece com a impunidade corrompida.

No Brasil, a televisão foi concebida como um empreendimento comercial, não como um serviço público. Seguindo uma razão mercadológica e faminta por pontas de audiência, possui, como principal produto, o entretenimento, o qual contamina as demais esferas de programação, não deixando escapar nem os noticiários. Estes, por sua vez, que a princípio deveriam informar com imparcialidade, utilizam mecanismos de novelas e dos programas de auditório: no final de cada bloco, mostram, de relance, notícias assustadoras do seguinte, pior, explicitam opiniões compradas sobre os fatos. Cria-se, portanto, uma grave dicotomia entre imparcialidade e mercado.

Diante disso, fica estabelecido um apartheid informacional. Aqueles que "podem" (possuem dinheiro) conseguem se desvincular desse canal de massas e ter acesso a uma melhor informação, porém o povo, que "não pode" libertar-se da telecaverna platônica, fica à mercê do lixo comunicativo. Desse modo, a população engole a ficcional e assustadora realidade que lhe é apresentada, sente uma terrível insegurança impune e corrompida, gerando um grande sentimento de rebeldia quando assistida. Contudo, essa euforia se esvai com o final do programa, já que o espetáculo atinge seu fim e tudo não passou de uma sombra insensível para quem a vê, logo, desliga-se a telecaverna e volta-se à triste rotina diária.

Fica evidente que a televisão encontra-se num momento antagônico entre: exigências do mercado e serviço social. Infelizmente sua opção é atender o mercado e gerar capitais, para que isso se concretize, utiliza aspector cinematográficos e noveleiros para espetacularizar a informação e saciar sua fome de audiência. O indivíduo encaixa-se numa espécie de apartheid informativo que o obriga a se prender à caverna platônica do século XXI. Tal fato aliena o espectador tocando-o emocionalmente, mas o deixa apenas com a espectral sombra da realidade que parece não trocá-la diretamente.