MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Juliana Valentini
Criar Ribeirão Preto

Pólipos e homo sapiens em "liberdade"

O homem das cavernas vivia como um pólipo preso ao substrato. A libertação dessas formas de vida se fez necessária para ambos. Foi assim que a esponja adquiriu estruturas fisiológicas adaptativas que propiciaram o surgimento de espécies com maiores vantagens condicionais para a vida. A liberdade do homem, assim como a condição biológica, deu passos ao longo da história em diferentes áreas. A democracia ateniense foi, ao seu tempo, um tipo inédito de liberdade política. No entanto, a mesma liberdade atingiu paradoxos, pois muitas sociedades foram escravistas ou absolutistas posteriores a Atenas. Os conceitos de liberdade são difusos e muitas vezes conflitantes.

A liberdade de informação atinge alto grau de desenvolvimento, tanto no mercado editorial como via "web". No entanto, grande parte das pessoas desconhecem Machado de Assis e muitas das descobertas dos tempos modernos. Além disso, por trás da máquina geradora de informação há uma luta de interesses políticos e econômicos que tornam a liberdade de escolha manipulada.

Individualmente o homem "livre" do nosso tempo sofre com problemas que expressam a retenção de sentimentos. A síndrome do pânico, ansiedade e depressões são problemas psicológicos crescentes. As doenças de hoje são máscaras que mostram que os nossos próprios sentimentos nos parasitam. Ao contrário, as pessoas têm hoje acesso a uma melhor qualidade de vida, uma vez que na ciência a liberdade para pesquisar alavanca o desenvolvimento do conhecimento acerca das doenças em geral.

A conquista da liberdade sexual e das escolhas profissionais é símbolo do nosso tempo. No entanto, a fuga dos problemas rotineiros é ancorada na construção de mitos. É assim que o homem moderno usa sua liberdade pessoal para sonhar com realizações que são em muitos casos ilusórias. A construção da família e a conquista de um carro novo são mitos para a felicidade. Por outro lado, a mesma família pode denotar prisão, e consequentemente entrave para a felicidade, e surge assim o mito da separação conjugal como mais uma forma de busca de liberdade.

É assim que o homem "evolui" paradoxalmente. Biologicamente chegamos ao "homo sapiens". Culturalmente a informação é obesa, no entanto a mesma não chega a todos , e é em muitos casos mal selecionada e até manipulada. Os conflitos individuais contribuem para a prisão da liberdade. No século das conquistas somos pólipos e homo sapiens ao mesmo tempo no quesito liberdade.