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Mariana Gouvea Pinheiro
Criar Campinas

Juvenil letargia

A situação da juventude contemporânea passa por uma espécie de crise. Muito se difere daquela da década de 50 e 70, aquela cujas ruas do Brasil se transformavam em palco das suas manifestações. Saudosimos à parte, a geração do século XXI, não só no país, mas também no mundo, não possui objetivos, afinal, a estabilidade econômica e política de muitos países; a conquista da maioria dos direitos pela geração anterior e a alienação através do consumismo acomodam um grupo que já foi sinônimo de transformação.

A letargia da juventude se torna mais nítida na política. A consequência não poderia ser outra: a perpetuação da velha prática corrupta no Estado. Claro, se ninguém participa, não há renovação nesse setor. Apenas 4% dos jovens europeus entre 15 e 29 anos participam de algum partido político ou sindicato. No Brasil, a situação é semelhante. A diferença está na participação indireta na política da juventude europeia. Eles saem às ruas quando há denúncias de irregularidade no governo. Têm consciência do poder que constituem. No país do "jeitinho brasileiro", no entanto, a cultura de esperar pela ação do outro já criou raízes profundas. Um mal cuja poda poderá levar ainda muito tempo.

O não interesse pela vida política é um atestado de ignorância. É o dinheiro do povo, as decisões que afetam a sociedade que serão manipuladas pelos governantes que escolhemos. Não se interessar é dar o aval para que estes utilizem o poder público em benefício próprio. Reclamamos, ficamos momentaneamente revoltados com o governo, almejamos mudanças. Como mudar se poucos querem participar? A juventude está mais preocupada em comprar, ir às festas, com o mundo da moda e das celebridades do que com o próprio futuro.

Envolver os jovens em um plástico de bolhas e ficar exaltando tempos remotos não é a maneira mais coerente de lidar com a atualidade. O passado não é melhor que o presente, mais muito pode ensinar a nossa geração a como ser cidadão. Deixar de participar da política é indiretamente não se preocupar com a própria vida. O sábio Tiririca talvez tenha se equivocado, afinal, "pior que ta ainda pode ficar". Um exemplo do caminho futuro que a política de uma nação pode seguir.