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Heloísa Alves
Criar Araraquara

De 3.800 a 9.800

No nosso organismo, as células responsáveis pela defesa são os leucócitos, os verdadeiros heróis do nosso corpo. A quantidade ideal é entre 3800 a 9800 células, variando muito em quantidade, função e mostrando-se fracas com doenças autoimunes. Os glóbulos brancos do nosso mundo também se transformam constantemente, sofrem e defendem ideias, povos, países, situações, representam a vitória e têm fraquezas.

Em um corpo humano, os heróis de antigamente estariam na quantidade 3800, a mínima. Porque os antígenos (células que os leucócitos combatem) estavam associados principalmente à defesa do povo e ao esporte. Tiradentes, personagens de Lusíadas, Gandhi são vistos como heróis porque seus feitos foram pelo país e foram inigualáveis. Os esportistas, como Pelé, os competidores da Antiguidade, sempre foram vistos com exatidão, pois são seres que ultrapassam os limites do próprio corpo. Esses dois fatores foram mantidos, percebe-se pelos personagens de ficção, como Super-Homem, Mulher Maravilha, Os Incríveis. E, no esporte, os campeões de uma copa são vistos como salvadores da nação.

Com o capitalismo, esse dupla de antígenos foi se juntando a diversos outros, fazendo a quantidade de glóbulos brancos ficar em torno de 9800. Essa grande variedade deve-se ao fato de que uma pessoa pode ser glorificada por ganhar o Big Brother, sair na capa de uma revista, ter um corpo bonito, obedecer às leis etc. E a rotatividade vai aumentando, com cada um tendo os seus quinze minutos de fama. O termo herói foi banalizado, pois a mídia quer sempre alguém no topo, tirar e mudar. Dificilmente termos um Tiradentes novamente, pois sua imagem será apagada rapidamente por outra pessoa que fez algo melhor.

Essa rotatividade é exemplificada perfeitamente com o caso do golfista Tiger Woods. Bem sucedido, com marido, com pai, um herói. Até seu vício por sexo foi descoberto, sua imagem foi denegrida e o contrato com a Gillette rompido. Essa é a diferença entre antes e agora. O heroísmo era baseado em feitos, importantes defesas, e hoje, é altamente baseada na imagem, muitas vezes falsa e criada pela mídia. E, quando suas fraquezas são descobertas, a pessoa fica morta no mundo da propaganda.

Portanto, o conceito de herói foi mudado, de alguém que realizou ações realmente importantes virou somente uma boa arma de publicidade do capitalismo. Tiradentes, Lusíadas, Tiger Woods, Diego Alemão. Os dois últimos comprovam como as pessoas são descartáveis para a mídia e como podem ser facilmente esquecidas. Os leucócitos estão altos, são muitos e diversos, mas eles não duram muito, morrem e são substituídos. E o que a maioria defende e faz não é tão importante assim para o nosso corpo.