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Michele M.Wong
Criar Ribeirão Preto

sem título

Ás vezes a vida da gente só precisa sair da órbita da "mesmice". É por isso que as novelas mexicanas conquistam o publico. Nelas, sempre o amor vence barreiras e obstáculos. O desfecho é por conta da felicidade. Eu como autora de muitas dessas novelas, não concordo com o amor eterno, mas até quando ele dura, a aventura faz da vida um palco de drama, lirismo e ate comedia.

Desde menina, nunca gostei de traduções. Até pensava que era rebelde por ser adolescente, mas quando se passa dos quarenta e ainda se aplaude os feitos de "meninice" é sinal de que o espírito revolucionário não morreu dentro de mim. Estou no México há dez anos e desde então escrevo dramaturgia que são exibidas no Brasil. Muito de vocês podem criticar meu trabalho dizendo que o enredo é artificial... Tudo bem, para você que nunca fez loucuras de amor, a vida realmente é monótona...

Sou Marina Felicidade (veja que até meu nome tem indícios de novela mexicana, geralmente sempre colocam nomes duplos e envolvendo sentimento). Quando tinha 15 anos conheci Alex Sergio, quem viria futuramente a ser meu primeiro namorado. Na verdade não sei por que nos unimos. Ele era um Bentinho da obra de Machado. Não tinha atitudes próprias, mimado pela mãe, a qual morria de ciúmes de mim. Achava até então que ela era a vilã de minha historia, mas analisando melhor, ela foi a protagonista. Eu por decepção de vocês, não tinha olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Eu era apenas uma garota que buscava aventura.

Como via na TV um mundo, no mínimo fantasia, imaginava-me nas cenas mais grotescas como Romeu e Julieta e Titanic... Alguém haveria de morrer por mim e lutar contra dragões para me tirar da torre da Rapunzel.

Um dia, Alex veio me contar que sua família se mudaria do Rio de Janeiro para Londrina. Pronto. Naquele dia percebi que agora sim ele era o príncipe que eu buscava. Esse obstáculo não me deixou triste, pelo contrario. Foi nesse momento que minha imaginação voou como um condor. Perguntei se ele não queria fugir comigo para conquistarmos a liberdade e o amor.

Como eu sempre fui dramática, achei que ele ia rir da proposta. Fitou-me. Pensou. Refletiu. Ele não ia ter coragem, o complexo de Édipo mandaria ele escolher a mãe... A surpresa foi ele aceitar e sonhar junto comigo.

Em casa deixei apenas um bilhete: "Mãe, vou conquistar a felicidade". Encontrei Alex e embarcamos para Belo Horizonte. Juntamos nossa mesada somando-se R$ 250,00. Nada mal, já vi casal começarem do zero. Quando chegamos, dormimos na praça para economizar. Acordamos com o juizado nos ameaçando prender. Fugimos para São Paulo. Gastamos nossa renda e agora estávamos a baixo da linha da pobreza.

Já que em uma família os integrantes devem se suprir, consegui enganar um advogado dizendo que éramos órfão e estávamos "buscando a vida em cidade grande". Fomos trabalhar em um jornal. Não sabíamos fazer nada, a não ser limpar o local e levar correspondências. Sei que há infinitos trabalhos mais pesados, mas confesso que nos meus sonhos, nunca me vi trabalhando, acho que tinha me esquecido de botar uma pitada de realidade nos meus planos.

Depois da jornada de um dia, o príncipe virou sapo e definitivamente o Titanic afundou. Voltamos para casa e para a realidade. Acreditava que seria uma volta triunfante. Pura decepção! Houve uma multidão na Rodoviária que riam da nossa cara. Minha irmã dizendo que Shakespear estava se rendendo no túmulo de tanto rir. Outros diziam que a carruagem virou abóbora. Sem contar que Alex deu uma entrevista dizendo que depois de tudo, tínhamos que ficar juntos. Sinto muito. Agora eu que ia despachá-lo para Londrina. Agora eu ia pisar em solo firme.

Naquele dia eu achei que a felicidade me rejeitava. Com o passar dos anos você descobre que nada acontece sem motivo. Lembram-se do jornal em que trabalhei? Ao saberem da historia cômica, me convidou para escrever contos líricos. Futuramente consegui um estagio no México e aqui estou para não ser justa com minha sogra e desfazer o titulo de carrasca.

Graças a ela, consigo me inspirar nela para escrever as novelas as que vocês assistem. Portanto sempre que virem as cenas exageradas e acharem absurdo, lembrem-se que a arte imita a vida. E quando você acha que é ao contrário e tenta imitar a arte, sua historio que poderia aparecer nos contos de fadas aparecem nos noticiários mais cômico de sua cidade.