Como fazer previsões sobre as conseqüências da leitura em uma sociedade, uma vez que nem todos têm as mesmas oportunidades a um conhecimento prévio? Ler, realmente não basta para elevar uma carreira. É um trabalho de ensino e aprendizagem, é um movimento de ações e reações que,sim, agregam ao ser humano o diferencial, o tão procurado diferencial.

O que são os livros, se não páginas de pura intertextualidade? Estão paradas, esperando-nos penetrar surdamente, mesmo que a tentativa seja inútil. Ler e absorver o que foi lido é guardar uma possibilidade de retórica única. Se escritores não são exemplos de riqueza e vitória é porque não recebem valor, mas isso explica os poucos "únicos", os raros "sofisticados".

Caso o problema seja a renda da população brasileira cuja finalidade se dedica à pouca comida que vale, não é necessário comprar Camões, basta ler manuais de instrução, gibis, bulas. Leia tempo, é cansativo e passa a idéia de que assim não se acarreta cultura e conhecimento.

Errado. Para ler basta estar vivo. Os que dizem sobre a não importância desse legado, confundem-se entre a possibilidade de ler e a oportunidade de ter educação fundamental. O sistema educacional é um funil, e disso todos sabemos, mas mesmo fazendo parte dessa pouca parte final existem os analfabetos informais. Deve-se escrever e esperar que um leia, depois outro...depois outro...devagar.

E ainda acham que ler não serve para nada? Sim, serve, e só aquele que lê sabe, só este entende e traz consigo a chave. A leitura também é seleção, incentivo à escrita e oportunidade para eternizarmos os conhecimentos da experiência humana e guarda-la, para então perguntar: "Trouxeste a chave?"