MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Jonatas Levi Borba de Souza
Criar Bebedouro

O velho medo novo

Os parâmetros que a humanidade tem para definir o que é absurdo já se mostraram diversas vezes efêmeros. Em um passado não muito distante pensava-se que pisar na lua era um delírio, e que fazer cegos enxergar era habilidade exclusiva de Deus. Não é. Hoje, quando se observa tais fatos, chega a parecer que nossos antepassados eram todos paranóicos. No futuro ocorrerá algo parecido, quando alunos de oitava série (que não serão deuses), darão risadas ao saberem do pavor que boa parte da população tinha perante um assunto como a clonagem humana.

Em meados do século passado, não era incomum ver pessoas com cara de espanto quando ficavam sabendo que era possível gerar um bebê sem relação sexual. Os mais alarmistas chegavam a dizer que o fim da raça humana seria iminente, já que o principal incentivo a procriação (o prazer sexual), seria substituído por um tubo de ensaio. Com o passar dos (poucos) anos, a fecundação in-vitro se tornou extremamente útil a casais com problemas de fertilidade, e, ao que parece, a raça humana ainda existe.

Já na penúltima década do século passado, com a criação da inteligência artificial, novamente vieram as acusações de que os homens brincavam de deuses e que a humanidade estava cavando seu próprio tumulo. Diziam que as máquinas, mais eficientes que o homem sobrepujarão a raça humana como HAL fez em "Odisséia no espaço". Com o passar de alguns anos, ninguém em sã consciência dirá que um micro-computador é um potencial predador.

O avanço da ciência é inevitável, assim com o medo perante o novo, que é inerente a existência humana. Porém esse medo, a primeira vista inofensivo, é prejudicial a partir do momento em que ele se transforma em covardia, e cega os homens perante os benefícios de um grande avanço científico. E é preferível rir junto às gerações futuras do medo perante os avanços científicos, do que ser culpado pelo regresso da ciência e conseqüentemente da humanidade.