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Isabela M. Alvarez
Criar Ribeirão Preto

O povo da rosa

O que fazer exausto, no país bloqueado pela violência, em que bandido em liberdade ditam a rotina? Cavar. Numa questão de prioridade, optamos pelo isolamento da vida aqui fora. Um instinto de sobrevivência.

Atualmente, estudiosos criaram um termo específico para designar esse comportamento humano das famílias de maior renda. A "auto-segregação", por eles assim identificada, corresponde à inclusão de condomínios fechados distantes da zona urbana como via de acesso a maior segurança. É através da construção de muros, cercas elétricas, câmeras ou grades que buscam um buraquinho seguro sob a terra que as isole da violência da superfície.

É esse o panorama que fez crescer nos últimos tempos a chamada indústria do medo. Elas compreendem as escavadeiras dos nossos buracos. Centenas de recursos são por elas oferecidos à população amedrontada e ameaçada pelos bandidos que então sem encontrar outra alternativa, optam pela utilização dos mesmos. Sistemas de monitoramento GPS, empresas de segurança, blindagem de carros... vale tudo para que cubram-nos com um pouco mais de terra.

Pois com tanta terra em cima ainda sofremos. É possível sentirmos lá debaixo o pisar dos bandidos aqui em cima. Na escuridão, sabemos que ainda corremos riscos. E nossos recursos? Esgotando-se. Conhecemos os locais de perigo, buscamos evita-los, embora nem sempre seja possível. Quando os bandidos aproximam-se a terra compacta-se. Detêm um pisar muito forte e então perdemos o fôlego. Um instante de silêncio é a nossa resposta à atrocidades como o caso do menino João Élio no inicio do ano. Entretanto, um breve luto, pois logo o pisoteamento estará de volta. Retornamos a cavar.

O homem cava. Cava sem alarme? Quer salvar seu filho. Cava sem achar escape. Estamos no limiti. Não é possível enclausurar-se mais. É tempo de levarmos as industrias do medo à falência e invertemos a situação. Devemos voltar a superfície e exigir do governo no país bloqueado nosso direito de liberdade. A prisão justa. Que, através de medidas socioeconômicas de inclusão social e melhor distribuição de renda, uma flor rompa o asfalto.