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Bruno Silva Maríncolo
Criar Ribeirão Preto

Como nossos pais?

A memória é inerente à existência humana e proporciona ao homem a condição de sobreposição às demais espécies de seres vivos, constituindo-se em fator de seleção natural desde tempos antigos. A partir dela é possível estabelecer conexões com o passado, para entender o presente e quem sabe projetar o futuro. É visível também sua importância na construção de personalidades, através de resgates históricos ou políticos e incorporação desses no nosso cotidiano.

Como é bom poder resgatar momentos passados e incorporá-los ao presente para que possamos entendê-los e quem sabe usá-los. É notável que muitos dos jovens gostariam de ter o engajamento daqueles do início da década de 90 ("caras pintadas") ou integrantes da classe média queriam ser capazes de promover uma revolução como a Francesa a fim de obterem maiores vantagens em um mundo dominado por banqueiros, usineiros e empresários. No entanto, é uma utopia pensar assim em um universo tipicamente capitalista, ficando os ideais somente na memória histórica.

Como seria bom se possuíssemos uma memória de computador, principalmente para momentos importantes, como as eleições, aniversários de familiares e até de namoro ou casamento. É inacreditável como as pessoas se esquecem dos políticos, notadamente os corruptos como Paulo Maluf, Jader Barbalho e Fernando Collor, que concorrem de quatro em quatro anos e raramente têm insucesso. Mas há uma esperança, pois cientistas da Universidade da Califórnia estão desenvolvendo uma pílula da memória, que aumenta o desempenho até mesmo de pessoas sadias. Porém, é uma utopia pensar assim em um país tipicamente corrupto, já que quando descobrirem da ativação da memória política, eles (políticos) exterminarão a pílula.

É dela que dependemos para nos afirmarmos em um mundo de individualismo proporcionado pela consolidação do sistema capitalista. É através dela que mostramos quem somos, que revelamos a nossa personalidade e constituímo-nos como seres superiores a qualquer outra espécie. É a partir da memória que o homem configura-se, transforma-se e consolida-se em um universo cada vez mais injusto e egoísta. É com ela que podemos resgatar o passado, analisar o presente e tentar modificar o futuro se preciso. É só assim, analisando o que passou, resgatando o pretérito próximo ou distante, somos capazes de concluir se ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais, por mais que isso também seja utópico.