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Débora Gambetta Paim
Criar Franca

Novas máquinas

O vestibular não é apenas uma conseqüência do comprometimento com o aprendizado, mas a seleção dos que vivem em função dele. Estudantes têm suas vidas fixadas em quadros, e cada minuto é calculado para o maior aproveitamento do estudo. Por que encaixotamos o conhecimento e submetemos jovens a doses diárias de informações as quais, possivelmente, não serão utilizadas posteriormente?

Com exceção dos profissionais da área de genética e educação, em biologia, que outros com mais de cinco anos de atividade sabem os nomes das fases da meiose? Segundo Rubem Alves, os próprios professores das universidades dificilmente passariam nos cursos nos quais lecionam. A memorização de dados e fatos só tem sentido se houver aplicação.

A situação atual reflete a ideologia capitalista e surge no século XIX com o Fordismo. A necessidade de operadores de máquinas que trabalhem no tempo exato transforma escolas em centros de treinamento. As carteiras enfileiradas lembram a disposição das linhas de produção. Como nas fábricas, o sinal condiciona tanto o horário estabelecido pelas tabelas como o ritmo de trabalho.

No entanto, o contexto histórico forja novos conceitos e tendências. Na sociedade hodierna, o conhecimento decorado é facilmente adquirido com uma pesquisa rápida no computador. É inacreditável como, na era da informação, ainda são valorizados bancos de dados humanos. Não há seleção dos melhores dessa maneira, apenas dos mais mecânicos.

Se, ao estudarmos conforme a tabela milimetricamente elaborada sobre a parede do quarto, não entendermos a essência do que seria organização, de nada adianta. Quando cessarmos a procura pela máquina perfeita, encontraremos um resquício da essência da imperfeição: o raciocínio humano.