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Stephanie Kílares Gallani
Criar Campinas

Seleção ou limitação?

A porta de entrada para as melhores universidades do país é bastante estreita e nada democrática. Mas, apesar de todo o folclore acerca do vestibular, este velho temido dos adolescentes não passa de uma prova.

E é justamente isso que o torna tão aterrorizante. Provas medem desempenho. Não medem festas abdicadas, noites em claro, dificuldades superadas férias sacrificadas, nível de stress, horas de dedicação, nem muito menos,a paixão, a vocação e a ambição que nos debruçam sobre elas.

Como todo vestibulando sabe, processos de seleção são extremamente relevantes, que o diga Darwin e a própria natureza. Porém, o que determinam as características dos indivíduos selecionados são as condições adversas impostas pelo meio. Visto que não há vagas para todos, os vestibulares são imprescindíveis e, teoricamente, uma maneira de se elevar o nível dos alunos das universidades brasileiras. Mas, será que isso de fato acontece?

A prova da FUVEST seleciona os candidatos que acertarem o maior número das suas 90 questões teste. Dessa forma, a melhor universidade do país limita o perfil de seus alunos a bons memorizadores de fórmulas e nomenclaturas que raramente terão alguma aplicação dentro da própria USP.

Não é por acaso o baixíssimo número de patentes brasileiras. O vestibular não privilegia a inteligência nem a criatividade. Não valoriza o esforço, a dedicação, a perseverança. Muito pelo contrário, muitas vezes permite que o difamado "jeitinho brasileiro" ainda leve vantagem.

Essas portas determinam não só quem ingressa no ensino superior, mas, fundamentalmente, o tipo de profissional e cidadão que será formado dentro delas. Enquanto persistirmos em vestibulares antiquados, não evoluiremos como sociedade e continuaremos a desperdiçar a elite intelectual do nosso país.