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Charles Borges Rossi
Criar Campinas

Mais coletivo, menos indivíduo...

Mais coletivo, menos indivíduo: A necessidade de ações coordenadas dos governos em torno das questões da água

A água, recurso esgotável, cada vez mais escasso e indispensável à vida, ganha destaque crescente na pauta de discussão dos líderes dos diversos setores da sociedade. Problemas como a fome aguda, epidemias, desequilíbrios dos ecossistemas e conflitos entre países estão freqüentemente associados à sua falta ou ao seu mau uso. É fundamental, nesse contexto, que se estabeleçam acordos de âmbito internacional e que se instrumentalizem organizações multilaterais para o cumprimento desses acordes, fazendo possível uma abordagem coordenada e multifacetada de um problema tão complexo.

Na esteira de ideologias que sustentam o livre-mercado e a liberdade econômica total para a eficiente ação da "mão-invisível", muitos defendem que, como qualquer outro bem escasso, basta que esse recurso seja precificado e que seu valor seja livremente negociado entre os interessados em obtê-lo, para que se estabeleça um "equilíbrio ótimo" no qual a oferta disponível se iguaria à sua demanda.

Entretanto, conforme avança a concentração do poder econômico e mais pessoas são excluídas do acesso a um item necessário à sua sobrevivência, ficam ameaçados pilares que sustentam essa lógica, chamada liberal. Dessa forma, como garantir que o direito de propriedade será sempre respeitado e que haverá, por um lado, diversos produtos que competem entre si para fornecer o produto e, de outro, muitos demandantes com poder de compra para adquiri-lo? Elementos como esses perdem a prioridade de proteção quando uma, em cada três pessoas, corre o risco de ficar sem água até 2025, como defende a "Tearfund". Quando os preços dos alimentos se tornam tão altos que 1,3 bilhões de pessoas corram o risco de não ter o suficiente para comer. Mais ainda, quando até aqueles com recursos financeiros de sobra têm suas cidades ameaçadas de inundações e de intempéries como furacões e ciclones, agravados pela ação destrutiva do homem, como o próprio Pentágono já admite.

Nesse contexto, é possível que a solução passe pelo que muitos estudiosos defendem, isto é, é necessário que se estabeleça um pacto social envolvendo os povos de todas as nações. Porém, isso só fará sentido se houver alguma força coercitiva que impeça tentativas unilaterais de atores interessados em obter vantagens sobre os outros, o que levaria a conflitos indesejáveis entre países querendo controlar uma parcela maior dessa riqueza.