MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Luiz Paulo Correa e Silva
Criar Araraquara

Tempos Contemporâneos

Em "Tempos Modernos", Charles Chaplin criou uma metáfora da sociedade industrial: um rebanho de ovelhas é substituído por um grupo de operários à saída de uma fábrica. O trabalhador Carlitos personifica a desumanização imposta pelas máquinas, o homem moldado para e pelo trabalho. Essa situação, em nossa sociedade, delineia a acentuação da desigualdade social imbuída pela alienação em contraposição à insônia febril dos dominadores do capital. Estes que, calcados em suas máquinas, estimulam um consumismo hedônico a custo da coisificação de trabalhadores habitantes da vala comum da sociedade.

É indubitável que a Revolução Industrial trouxe mudanças no campo econômico e comportamental. A alteração na produção de bens de capital e de consumo foi acompanhada por uma evolução nas técnicas agrícolas e nos meios de transporte. Em contrapartida, houve a banalização do artesanato e da manufatura o que acarretou nos movimentos de quebras de máquinas (luddismo), pois os trabalhadores "rasteiras" as consideravam a vilã da situação. Assim, ocorreu o nascimento do proletário, o "animal" substituto dos artesões e manufatureiros, agora porque as industrias não necessitavam de habilidades específicas para sua operação.

É indubitável que, atualmente, a globalização caminha em acordo com o canto entusiasmado da velocidade trazida pelas máquinas. Elas proporcionam um aumento na produção, uma contração temporal, uma baixa nos preços e conforto para parte da população. Entretanto, elas também emergem um ideal consumista acentuando o fato de não pensarmos que, nas mercadorias que consumimos e compramos vorazmente, está cristalizado o trabalho humano. Os produtos passam a ser vistos como bens em si e por si mesmos. E os trabalhadores, alienados e tomados pelo orgulho de terem produzido tantos benesses, aceitam tais condições como se fossem historicamente determinados. Como diria Marx: "os homens fazem a história, mas não sabem que a fazem."

É indubitável que esse consumismo exacerbado atribulado à tempestuosidade do mundo das máquinas alicerça o surgimento de uma nova Era. As pessoas já se acostumaram a conviver nesse mundo mecanizado que influencia nos sentimentos e nas preocupações do homem. Assim, esse extremismo gera o "tecnostress" e as pessoas esquecem-se de conviver entre si: como exemplo, no Japão, são utilizados computadores já para a educação infantil e o país é um dos líderes em suicídios. Na obra "A cidade e as Serras", Jacinto sofre de uma "solidão abundante" e, em meio ao progresso, reencontra a felicidade nas coisas mais simples. Talvez, é o que falta aos Jacintos de hoje: reencontrar-se com a natureza.

Por tudo isso, vemos que as máquinas são imprescindíveis para o funcionamento do planeta, pois elas trouxeram benefícios fundamentais para chegarmos à atual civilidade. O problema consiste na insanidade multicolorida e polifônica do extremismo capitalista, que propago a exclusão. Oficialmente, os Carlitos de hoje, mormente os das nações flageladas, deixarão o submundo. Resta-nos a conscientização, para que o corpo social seja mais valorizado, para que não "endoidássemos" nas engrenagens das máquinas. Necessitamos, nesses tempos contemporâneos, de mais humanidade e equilíbrio, pois a supermecanização de tudo, num futuro próximo, pode se voltar contra seus criadores.