MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Maria Clara Artiaga
Criar Ribeirão Preto

Entre cristas e valores

Durante o domínio Macedônico, os gregos vivenciaram uma crise de pensamentos, proporcionando a emergência das filosofias helenísticas que propagavam uma crença estável e paz interior diante de um ambiente hostil e caótico. Nós, pós-modernos, também vivenciamos uma crise de nossos paradigmas iluministas, os quais não se concretizavam, e coletamos a descrença na sociedade e em nós mesmos. Essa crise ocidental provoca queda na auto-estima e leva as pessoas à buscarem soluções em filosofias de auto-ajuda.

A solidão introspectiva, aquela sentida pelo tímido Fernando Pessoa, ocasiona repugnância em conhecer nossas angústias e admissão de receitas para nos sentirmos imortais e corajosos. Pessoa originou seus heterônimos com base na sua tendência orgânica e constante de despersonalização e simulação. Nós procuramos nossa repersonalização em livros com filosofias para a felicidade, pois a vida moderna agitada e competitiva dos populosos centros urbanos não traz como retorno o convívio social, apenas reprima a histeria existente em nós.

A liberação de nossas essências e dos medos e a captação da aponia, não permitida pela sociedade, é encontrada em livros de auto-ajuda. Esse manto diáfano de fantasia era trago aos grupos pelo epicurismo, que enxergava o prazer na imperturbabilidade da alma, ignorando o domínio macedônico. Fazemos o mesmo hoje, nos individualizamos e nos abstraímos, través da quietude e da serenidade, dos problemas encômodos da falta de ícones e pilares da cultura homogênea ocidental sem nexo para muitas pessoas.

Essa contração dos pensamentos e essa lacuna de meios de dilatá-los, contemporânea, obrigam-nos a análises em livros, já que ter autoestima elevada se esteriotipou essencial. Um modo de vida ocidental além de quebrar nossos paradigmas, exige pessoas felizes o tempo todo. Porém, doenças como depressão, baixa autoestima e surtos psicológicos são freqüentes na nossa sociedade, a qual se estabeleceu um propósito inicial - ideais iluministas - e não afirmou atualmente, pois a razão, a vivência e o individualismo são apenas a ponta do iceberg das necessidades humanas.

Em última análise, precisamos focalizar o que realmente traz a felicidade e não colocarmos em pólos os sentimentos apolíneos e dionisíacos. Deixar o politicamente correto de ter sempre autoestima alta e oscilar entre as cristas e vales dos sentimentos humanos. Entretanto, filosofias racionais, como o epicurismo, e métodos líricos, como os heterônimos de Pessoa, sempre vão existir para comedir nossos pensamentos e cabe a nós aceitar as oscilações das ondas humanas.