MELHORES REDAÇÕES DE ALUNOS

Victor Afonso B. Braga
Criar Ribeirão Preto

Exponho-me, logo existo!

A hegemonia do facebook e suas dissidências sobre seus seguidores é algoz. Aquilo que é exposto na rede, análogo à radiação, propaga-se entre os sedentos indivíduos e perpetua-se perante o tempo, podendo ser usado contra o seguidor por qualquer um, a quaisquer momentos. Fugir desta realidade virtual é inútil - alcança até os confins da Terra -, logo, sem saída, o povo está submetido a um pão e circo pós-Império Romano, a uma ditadura à Hitler e a uma religião supra-ortodoxa.

Vivemos em uma sociedade na qual a espetacularização é valorizada. Enquanto os súditos distraem-se cegamente com as humilhações alheias e jogos fúteis, dados são coletados e usados contra eles, os súditos, a posterior: tais informações passam a ser comercializadas e as preferências do indivíduo são estampadas na tela de smartphones em incontáveis anúncios. O circo pós-moderno é tão eficiente que dispensa a necessidade de distribuição de pão para conquistar o "novo romano".

Enquanto os internautas são dissecados pelo pão e circo, aqueles que negam participar são fortemente repreendidos por uma ditadura instaurada no interior da democracia. Os seguidores empregam uns sobre os outros uma vigilância penóptico, julgando execrando os partidários de uma vida isenta de redes sociais. A fiscalização dá-se, também, através de organismos especializados na censura: Instagram, Twitter e WhatsApp - braços direito do regime. Para eles, o "facebookiano" é mais belo, inteligente, superior - Ariano enfim.

Um governo repressor, porém, pode-se manifestar nos moldes de uma Democracia. Nesta, liderada pelo califa Zuckerberg, o valor do fiel é mensurado pelo número de "amigos" que ele possui e não pela qualidade dessas relações. Pertencer, no entanto, não é suficiente; é preciso praticar: ao acordar, antes e durante as refeições, ao dormir e inúmeras outras vezes ao longo do dia. As cinco orações do Islamismo tornam-se irrisórias frente ao mar de selfies, posts e vídeos circulantes na rede.

Há, portanto, limites quanto à exposição nas redes sociais, que inclusive já foram ultrapassados. O homem, porém, está tão imerso, seduzido, ludibriado por pertencer a esta rede interconectada e organizada que não percebe sua submissão e, se percebe, é logo coibido a retornar à santa alienação. O circo no qual veiculam humilhações e jogos inúteis, a ditadura vigilante e formadora de "novos arianos" e o extremismo religioso do "Facebookistão" continuarão, portanto, vigentes - ainda que casos isolados de levantes abolicionistas surgiam. A população, vitimada por esse algoz, perde sua essência e autonomia, torna-se mera seguidora, mas garante sua imortalidade. Se Decartes vivesse no século XXI, afirmaria: Exponho-me, logo existo.