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Daniel de Figueiredo
Criar Franca

"Decifra-me ou te devoro"

A civilização ocidental, que inestimáveis contribuições deu para o progresso da humanidade, mergulha-se numa crise moral e cultural sem precedentes. Pessoas comuns, as elites, líderes mundiais e até os formadores de opinião enxergam no outro os males, as degenerações e as deficiências que, na realidade, encontram-se abrigados dentro de si próprios.

De meados do século XIX até o limiar da Segunda Grande Guerra, a cultura germânica produziu uma leva de intelectualidade, que revolucionou o pensamento e a ciência moderna. Einstein, Marx, Thomas Mann, Freud, são exemplos. Mas essa mesma sociedade também pariu Hitler, o monstro conhecido de todos. Ele só existiu pela materialização dos anseios, dos medos e do sentimento de superioridade de toda uma coletividade, que quis expiar nas minorias seus graves preconceitos e conflitos, numa clara dissociação entre a razão e o sentimento.

Pessoas medíocres são alçadas a postos de comando, com poderes de decisão sobre todo o planeta. De repente, invadem um país a pretexto de combater a tirania e levar as "maravilhas" da democracia ocidental ao seu povo. Mas quando a máscara cai, o que se vê é uma pretensa civilidade travestida de tortura, de humilhação e de prepotência.

No Brasil, a situação não muda. A ganância de uma pequena elite monopoliza os imensos recursos de um país rico, em detrimento de um povo pobre, embrutecendo-o e gestando um conflito de classes de desfecho imprevisível. A situação deteriorava-se rapidamente. Há bem pouco tempo o compositor Cartola, talvez num excesso otimista de poeta "fingidor", cantava: "Alvorada lá no morro, que beleza! Ninguém chora, não há tristeza! Hoje, nesse mesmo morro, o que se ouve é o ordinário e informe refrão: "tá tudo dominado."

É triste e paradoxal que, numa sociedade em que o indivíduo é medido pelo que tem e não pelo que é, a vida humana valha tão pouco. A barbárie convida a humanidade a rever os seus valores e crenças, antes que a fúria da intolerância a devore. Reside dentro de cada ser humano o alvorecer de dias melhores. Basta que ele seja estimulado e mergulhe nas origens dessa própria civilização, e retire dela um dos maiores ensinamentos a ele já oferecido: " Conheça-te a ti mesmo".